sexta-feira, 23 de maio de 2008

Ciberjornalismo



Não existe uma definição única para explicar o que é o ciberjornalismo, assim como não há um consenso entre os autores que estudam a mais recente vertente do jornalismo.
Existem várias definições de especialistas internacionais sobre o ciberjornalismo, nomeadamente, de Kawamoto, Deuze e Eric Meyer, entre muitos outros. No plano nacional vários jornalistas e professores universitários procuraram definir o ciberjornalismo, dos quais é importante destacar Hélder Bastos, pioneiro do ciberjornalismo português.
Passo a citar os vários autores mencionados, nas suas definições sobre ciberjornalismo.
Kawamoto considera o ciberjornalismo como o jornalismo que faz “uso de tecnologias digitais para pesquisar, produzir e distribuir (ou tornar acessível) notícias e informações a uma audiência crescente versada em comutadores”. O autor considera que esta e outras definições não são estáticas, movimentando-se, obrigatoriamente, com o desenvolvimento tecnológico e com as mudanças do conceito de jornalismo.
Deuze defende que o ciberjornalismo é diferente dos outros tipos, e que é o quarto género do jornalismo, próximo da imprensa, da radio e da televisão. O ciberjornalismo pode ser diferenciado dos outros géneros, em parte, devido à sua componente tecnológica, mas pode ainda ser assemelhado a todos eles por abranger e integrar características próprias dos restantes tipos de jornalismo.
Eric Meyer na definição de ciberjornalismo apresenta as que considera serem as dimensões-chave do novo género do jornalismo. Para o autor “a profundidade, o alcance e a interacção” são três aspectos que “servirão os leitores de forma mais significativa que quaisquer aspectos formais da apresentação das notícias”.
Hélder Bastos considera, em termos gerais, que o ciberjornalismo ou jornalismo online, é “produzido para publicações na Web por profissionais destacados para trabalhar, em exclusivo, nessas mesmas publicações”. O autor distingue o jornalismo online do jornalismo impresso, radiofónico e televisivo devido à sua “componente tecnológica enquanto factor determinante em termos de uma definição operacional”.
Após as várias definições apresentadas constata-se que o conceito de ciberjornalismo gira em torno da disponibilização online de formatos jornalísticos, ou seja, da utilização da Internet para a prática do jornalismo.
A Internet devido às suas características e às suas infinitas potencialidades é um espaço “privilegiado para a afirmação do ciberjornalismo” (Hélder Bastos, Ciberjornalismo e Narrativa Hipermédia). Para além das capacidades dos media tradicionais (texto, imagem, gráficos, animação, áudio, vídeo, distribuição em tempo real), a Internet proporciona novas potencialidades como:
  • multimedialidade;
  • interactividade (entre os jornalistas e o público);
  • hipertextualidade (utilização de links que remetem para outros artigos, sons, imagens, etc.);
  • acesso on-demand;
  • controlo por parte do utilizador;
  • personalização de conteúdos;
  • actualização noticiosa instantânea e continua (altera-se o conceito tradicional de “dead line” para que haja uma actualização de segundo a segundo);
  • acesso global à informação;
  • narrativa hipermedia (integração de vídeo, som e gráficos no sistema de armazenamento e manipulação dos conteúdos informativos);
  • armazenamento da informação em bases de dados;
  • reportagem instantânea.
O ciberjornalismo, ao englobar num único meio de comunicação todos os outros, necessita que seja criada e desenvolvida uma maneira própria de planeamento e organização (novas rotinas jornalísticas) e, ainda, um novo tipo de linguagem discursiva, adaptada às necessidades dos internautas/público.
A nova linguagem utilizada pelo ciberjornalismo, em parte devido às potencialidades mencionadas, apresenta-se como atractiva, curta, concisa, clara e objectiva, podendo proporcionar diferentes leituras aos diferentes internautas.
Quanto ao tipo de escrita do jornalismo online e à sua relação com os internautas, Beatriz Ribasi considera que “a Web tem espaço ilimitado, mas os leitores têm atenção limitada. Atentar para as características específicas do meio e para suas potencialidades pode contribuir para a elaboração de estratégias de persuasão e construções criativas e interessante da narrativa, de modo a prender a atenção do utilizador”. A autora defende que os jornalistas se encontram perante um grande desafio ao “conceber um sistema de informação consistente para a Web e que aproveite as potencialidades da Rede, oferecendo ao público um produto webjornalístico de terceira geração”.
O jornalismo online oferece aos ciberjornalistas e aos meios de comunicação um conjunto infinito de potencialidades e benefícios. No entanto a inexistência de regras e leis claras, que regulem a prática jornalística na Web, pode levantar questões sem precedentes, originadas pela natureza do meio, e criar vários problemas éticos. Apesar de existir “um património comum de valores e standards partilhados por jornalistas e ciberjornalistas” (Helder Bastos), criar e seguir normas de carácter ético e legal é um dos desafios que o ciberjornalismo tem, obrigatoriamente, de enfrentar.

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